Dra. Vivien concede entrevista a Bloomberg
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Por Samy Adghirni e Simone Iglesias
(Bloomberg) – O governo do Brasil pode estar ansioso para controlar gastos públicos, mas os líderes empresariais estão, de alguma maneira, mais receosos.
Após um mês de atrasos, os legisladores atrasaram – por mais uma vez esta semana -, a votação em um Projeto de Lei para eliminar a desoneração de impostos na folha de pagamento e retomar, para o governo, um dinheiro muito necessário.
No entanto, os legisladores não estão focados apenas nas eleições gerais de outubro. Nos bastidores, as indústrias de manufatura, agricultura e têxtil estão pressionando para evitar um aumento de impostos enquanto os setores ainda sofrem consequências da pior recessão já registada.
Enquanto a administração do presidente Michel Temer está trabalhando para arrecadar e conter o déficit fiscal escancarado do país, os lobistas da indústria alertam que um cancelamento da redução de impostos resultaria em aumento de custos, demissões e queda nos investimentos.
Os deputados do Congresso justificam os adiamentos argumentando que há pouco apetite por uma legislação que efetivamente aumente impostos.
“Se você está tirando mais dinheiro do seu bolso para dar ao governo, então sim, é um aumento de impostos “, disse Nilson Leitão, líder do partido pró empresarial PSDB, em uma entrevista.
O bloqueio da conta de imposto é indicativo de uma ampla erosão da agenda legislativa de Temer antes do mês de outubro, quando haverá uma corrida eleitoral legislativa, governamental e presidencial.
Marcos Montes, deputado do partido centro-direita PSD, disse que o Congresso não tem vontade de votar em nada que possa impactar o resultado das eleições de outubro.
Tanto Leitão como Montes disseram que foram pressionados extensivamente sobre o assunto. Vivien de Mello Suruagy, presidente da Feninfra, um grupo de empresários de infraestrutura do setor de Telecomunicações, disse que tem argumentando contra o projeto de lei na Câmara, no Senado e no Executivo.
“Se o governo aumentar os impostos, teremos uma grande diminuição do investimento porque os preços já estão achatados”, disse. “Haverá demissões em massa”.
A desoneração fiscal foi introduzida em 2011 para ajudar indústrias que lutavam contra a crise. Os setores selecionados tiveram a oportunidade de substituir um imposto de 20% sobre a folha de pagamento por um imposto de um dígito sobre a receita bruta.
No Brasil, uma lei fiscal só entra em vigor 3 meses após sua aprovação no Congresso, o que significa que o governo efetivamente já perdeu metade da receita anual que essa legislação poderia significar.
Bloomberg Quint – Tax Hike Fizzles in Brazil as Lobby Roars and Election Nears – 15/03/2018